Sunday, May 23, 2010

DA LITERATURA: NOTAS SOBRE O CASAMENTO: UI, UI! PRICELESS!

Os sectores mais conservadores da direita (e de alguma esquerda) andaram anos a dizer que o casamento entre pessoas do mesmo sexo provocaria alarme social, fazendo desmoronar a família tradicional. Fracas convicções por parte de quem devia respeitar o conceito de família. Na realidade, o casamento entre pessoas do mesmo sexo provoca um enorme bocejo na larga maioria da população. A generalidade dos portugueses heterossexuais dá-lhe a importância que eu dou aos arraiais populares: não frequento, passo ao largo, mas longe de mim pensar em acabar com eles. Os arraiais são parte da tradição (i.e., da cultura), animam a economia e fazem muita gente feliz. O casamento entre pessoas do mesmo sexo vai tornar mais justa a vida de muita gente. Há menos de cem anos, o casamento civil entre homens e mulheres ainda era uma heresia no nosso país. É fatal: o mundo pula e avança.

Se houvesse alarme, a sociedade tradicional tinha-se mobilizado. Ora nem a Igreja, que se limitou a cumprir os mínimos, nem os partidos da direita, desobrigados de acção directa para lá da retórica parlamentar, fizeram mais do que salvar as aparências. Em Fevereiro, a marcha da indignação deu a medida do desinteresse do país real.

Dentro de dias, quando for publicada a Lei ontem promulgada pelo Presidente da República, Portugal tornar-se-á o oitavo país a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Para já, os outros sete são a África do Sul, a Bélgica, o Canadá, a Espanha, a Holanda, a Noruega e a Suécia (seis monarquias!). Além destes, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal em seis estados americanos: Connecticut, District of Columbia (Washington), Iowa, Massachusetts, New Hampshire e Vermont. E também na tribo Coquille da Nação Navajo. E ainda na cidade do México e no estado de Coahuila. Israel, por exemplo, não casa mas reconhece os casamentos efectuados noutros países. Estamos a falar de casamento.

Porque se falarmos de uniões civis registadas (casamentos que não se chamam casamentos), a lista de países inclui: Alemanha, Andorra, Áustria, Colômbia, Dinamarca, Equador, Eslovénia, Finlândia, França, Gronelândia, Hungria, Islândia, Luxemburgo, Nova Caledónia, Nova Zelândia, Reino Unido, República Checa, Suíça, Uruguai, bem como as ilhas Wallis e Futuna da Polinésia francesa.

Isto para dizer que não estamos a falar de extravagâncias residuais, como pretendem umas dezenas de bloggers e meia dúzia de articulistas. A título de exemplo: são cinquenta e dois os países (a que se juntam vinte estados americanos) onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo está no centro de iniciativas legislativas.

E escusa a D. Isilda de preocupar-se: «Quem é que trata destas pessoas na velhice? Não têm filhos, nem podem ter netos. Também têm direito a ser tratados, logo, vai sobrar para todos nós. Vai sobrar para os contribuintes.» — vd CM. Infelizmente, todos os Verões, os hospitais civis têm de abrigar centenas de homens e mulheres de idade avançada que os filhos ali deixam, abandonados, antes de partirem para os Algarves e as Cancuns da vida. Sim, estou a falar de famílias tradicionais. Nada que a D. Isilda não conheça.

UM PASSO EM FRENTE, OBRIGA-NOS A DAR DOIS PASSINHOS PARA TRÁS, NÃO É???

SO HERE IS CELINE, THANKING PRESIDENT BUSH FOR RESCUING ALL THOSE CITIZENS OF NEW ORLEANS,
AND ALL OF THOSE WHO SUPPORTED THE 'HAPPY' CAUSE


Because You Loved Me - Celine Dion Live in Memphis (WIND BENEATH MY WINGS)

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